Corrupção

MARCELO BATISTA DE SOUSA *

Em meio à crença segundo a qual é cada vez mais difícil transmitir aos alunos a importância de valores básicos como honestidade, a campanha promovida pela Associação Catarinense de Ministério Público, concebida pelo Promotor de Justiça Affonso Ghizzo Neto, começa, em boa hora, a ganhar contorno nacional.

Eis aí uma discussão crucial que interessa a todos, e em especial aos educadores envolvidos em sala de aula na formação da atual geração que, em breve, vai ter que tomar conta do país, dos governos, das empresas, das universidades... É preciso, sim, enaltecer as referências positivas e eliminar de vez o cinismo perverso e a malandragem como meio de vida!

Há hoje, por toda parte a confirmação de que vivemos um mau momento político, com o aviltamento da vida pública. É certo que em nenhum país do mundo a vida pública está isenta de erros e mazelas. A mentira e a corrupção não constituem monopólio do Brasil, em particular do Brasil de 2008.  Há poucos dias, todo o mundo recordou as denúncias, com renúncias, de governantes nos EUA.  La como cá, porque é falha e corruptível a atividade pública. O que importa é que a mentira não fique impune, como impune não pode ficar a corrupção.

No caso do Brasil, em que pese a decidida atuação da Polícia Federal, o que ainda espanta é uma espécie de corrupção institucionalizada com que nos acostumamos a viver. Não faltam exemplos de mentiras clamorosas, ditas pelas mais altas expressões do poder. Nem presidentes da República escapam, quando dizem uma coisa e fazem outra.

A campanha "O que você tem a ver com a corrupção?" chega às escolas particulares do país, através da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino, com a força das boas iniciativas. Sem uma elite esclarecida e dedicada em torno de um projeto mínimo de nação, o desenvolvimento com o bem-estar não passa de uma miragem. Eis porque ninguém tem o direito de se omitir, afinal, educadores não são apenas os professores, mas somos todos que temos capacidade de divulgar publicamente informações. Aqui se inclui todos os brasileiros, isto porque, se no futuro nos restar a decepção, ela será o simples resultado do nosso acomodado silêncio. O que está agora a se chamar de modernização do Brasil não é mais que recuperação de sua autenticidade e dignidade. É o avesso da corrupção: o restabelecimento de uma ética.

 

* Administrador e pedagogo, presidente do Sindicato das Escolas Particulares de SC, presidente@sinepe-sc.org.br.

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