Universidade conta com 31 pesquisadoras que desempenham papel fundamental nas descobertas de novos aprendizados
Engana-se quem pensa que fazer pesquisa é estar apenas dentro de um laboratório, fazendo experimentos e vestindo jaleco branco. Apesar dessa imagem ser a mais comum, ciência é muito mais do que isso. Ela está em todas as áreas do conhecimento, no dia a dia, no levantamento de dúvidas referentes a algum tema, no recolhimento de dados, no cruzamento de informações colhidas e na apresentação de resultado com um grande propósito: produzir conhecimento e contribuir para o avanço da ciência e para o desenvolvimento social e cultural.
Não é à toa que todas as grandes invenções e acontecimentos foram alcançados a partir da hipótese de uma pergunta, de uma dúvida que gerou análises para se chegar a uma solução. Assim é a pesquisa, protagonizada por profissionais dedicados e curiosos. Na Unesc, o time feminino de pesquisadoras é formado por 31 profissionais divididas em diferentes áreas do conhecimento. Neste Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado neste sábado (11/02), conheça algumas delas que representam o valor das profissionais cientistas.
Contar com uma equipe de mulheres engajadas na pesquisa e servir de inspiração para que meninas sonhem também com esta oportunidade de desbravar o conhecimento por meio da ciência, para a reitora da Universidade Luciane Ceretta, é motivo de muito orgulho e admiração. “A Unesc, ao longo dos seus 55 anos, tem investido em ciência e pesquisa como importantes estratégias para promover o desenvolvimento e melhorar a vida das pessoas. Contar com mulheres dedicadas, talentosas e referências em suas áreas de atuação reforça esse nosso trabalho e nos enche de orgulho por saber que nós pesquisadoras, além do contato direto com alunos e orientandos, temos a responsabilidade de inspirar e abrir portas para novos pesquisadores para o nosso cenário da ciência”, aponta.
O sucesso da pesquisa na Unesc, de acordo com Luciane, se reflete nas notas indicadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), órgão que recentemente concedeu ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) a nota 7, ou seja, o conceito máximo na avaliação. “As avaliações de excelência conquistadas por diversos programas se dão pelo envolvimento e comprometimento de nossos profissionais, que atuam e transferem experiências, levando a Universidade Comunitária a excelentes patamares”, comenta.
Luciane, que também é pesquisadora e reúne 138 artigos publicados, 25 livros organizados e 10 capítulos de livros, recebeu, no ano passado, o destaque de pesquisadora referência na inovação no setor público, pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), obtendo o segundo lugar.
Ela é também conselheira dos Conselhos Estadual e Nacional de Educação, faz parte da Diretoria Executiva do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, da Associação Brasileira de Universidades Comunitárias e é presidente da Associação Catarinense das Fundações Educacionais de Santa Catarina (Acafe). Em todas essas frentes, leva a defesa da ciência e da pesquisa
Tecnologia
Apaixonada por pesquisa, educação e tecnologia, a pedagoga Graziela Giacomazzo Nicoleit está na Unesc desde 2000. Conhecedora e apaixonada pelos avanços da tecnologia, ela não só ama o que faz como é referência. Fez mestrado e doutorado em Educação e atualmente faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade e integra a linha de pesquisa Educação e Produção do Conhecimento nos processos pedagógicos.
Para ela, a pesquisa, não só orienta, mas também busca respostas qualificadas e contribui para a inovação e estar em uma Universidade que incentiva os professores a serem pesquisadores, é motivador. “O professor pesquisador vai estar sempre mobilizado, tanto no ensino, na pesquisa, como na extensão, que são os tripés da nossa Universidade. Fatores que foram importantes e definitivos para minha trajetória como mulher, professora e pesquisadora”, conta Graziela.
Em 2023, Graziela se prepara para fazer o pós-doutorado na Universidade de Lisboa, em Portugal, resultado de sua dedicação desde a década de 80, quando ainda era acadêmica do curso de graduação em Pedagogia. “Foi nesta época que iniciou a minha relação e paixão pela pesquisa. Ela tem um significado muito importante, pois mobiliza para que a gente avance na nossa área do conhecimento, no meu caso na educação, especificamente nas tecnologias. Dentro desse aspecto, ela é fundamental, porque a educação é dinâmica e as tecnologias também. A cada momento nos deparamos com questões que precisamos resolver, encontrar respostas, e as melhores vêm das pesquisas, que são dinâmicas e contínuas”, completa.
Desafiador e especial
“O dia a dia pesquisa é muito desafiador. Ela mantém, especialmente, a nossa potencialidade para a produção de conhecimentos”. A reflexão é da pesquisadora da Unesc, Giovana Ilka Jacinto Salvaro, formada em Psicologia, com doutorado em Ciências Humanas e pós-doutorado na Universidade do Porto, em Portugal. Ela faz parte do Programa de Pós-Graduação de Desenvolvimento Socioeconômico (PPGDS) e do Programa de Pós-graduação em Direito (PPGD) da Universidade.
Segundo ela, fazer pesquisa é um desafio cotidiano. “Acordamos pensando em pesquisa, como será o processo de investigação, como vai ficar o relatório final, como serão publicados os resultados e de que forma levar ao conhecimento do público. São estudos de vários temas e de diferentes formas. A preocupação de como analisar esse campo, exige estudos teóricos e metodológicos contínuos, e isso é fantástico, é o que me dá uma condição de planejamento diário”, descreve Giovana.
O primeiro contato com este universo foi no mestrado em Psicologia, em 2002 e, desde então, “Giovana” e “pesquisa” são termos indissociáveis. “O cotidiano da pesquisa vai nos levando a ter ideias novas, projetos novos e a continuar. Todas as temáticas são muito especiais e cada uma tem lugar na nossa vida. Não posso comparar uma que faço hoje com uma feita anos atrás, mas uma das pesquisas que fez crescer a minha paixão foi a de mestrado. Foi pela condução, pela orientadora, por todo grupo, e pela pesquisa que realizei. Eu sempre olho essa com muito amor”, diz.
Orgulho
Samira Valvassori é professora pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Unesc e pesquisa sobre as alterações neuroquímicas e comportamentais em modelos animais de mania e depressão.
O mestrado, segundo ela, foi quem lhe deu uma base importante e a certeza de que estava no caminho certo. Mas foi com o doutorado a concretização do sonho, tanto que ganhou o Prêmio Samuel Gershon Junior Investigator Award da International Society for Bipolar Disorders (Prêmio Samuel Gershon Junior da Sociedade Internacional de Transtorno Bipolar).
“Com certeza esse reconhecimento internacional me deu mais vontade ainda de continuar e a certeza de que eu estava no caminho certo. Mesmo assim, após o doutorado fiz mais três pós-doutorados, período de importante treinamento como pesquisadora independente”, relata ela, que é graduada em Ciências Biológicas, possui mestrado e doutorado em Ciências da Saúde pela Unesc e fez doutorado sanduíche pela Universidade de Toronto, Canadá.
Em 2017 ela foi contemplada com a bolsa de Produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq) e, para sua felicidade, o órgão a classificou como pesquisadora nível 1D. “Esse reconhecimento foi muito importante para eu conseguir mais fomentos para pesquisa, impulsionando ainda mais as pesquisas do nosso laboratório”, diz.
Atualmente, a coordenadora do Ambulatório de Pesquisa Clínica em Transtorno Bipolar, é pesquisadora nível 1C do CNPq, uma das 30 pesquisadoras mais importantes do Brasil na área de Neurociências (reconhecida pela research.com), tem mais de 160 artigos publicados e nove livros (nacionais e internacionais). “Tenho muito orgulho e é uma honra pra mim fazer parte de uma Universidade que nos trata com tanto respeito e carinho. Tenho orgulho de fazer parte de um quadro de profissionais tão qualificados e reconhecidos tanto Nacional quanto internacionalmente”, comenta.
Samira também desenvolve pesquisas avaliando alterações epigenéticas relacionadas ao neurodesenvolvimento e aos transtornos psiquiátricos. O PPGCS, que conta com 17 professores, sendo 11 mulheres, foi contemplado com a nota máxima pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), nota 7.
Transformação
Maria Inês da Rosa concluiu a graduação em Medicina em 1981 e logo partiu para a especialização em Ginecologia e Obstetrícia. Até que, 19 anos depois, em 2000m foi incentivada a fazer um mestrado em Saúde Coletiva, por meio do qual desenvolveu uma pesquisa sobre candidíase vulvovaginal em costureiras. “Esse foi o meu primeiro artigo publicado e minha inserção na carreira acadêmica. Passei a atuar como professora no curso de Medicina da Unesc, logo assumi a coordenação e, na sequência, fiz doutorado em Epidemiologia. Aos 50 anos obtive meu diploma de doutora e logo passei a orientar outros pesquisadores no PPGCS, da Unesc”, relata Maria Inês, que tem como linha de pesquisa a saúde da mulher, o câncer ginecológico e a saúde baseada em evidências.
Hoje, a coordenadora do curso de Medicina da Unesc possui mais de 150 artigos publicados, mais de 60 alunos de iniciação científica, 50 Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs), 28 de mestrado 11 de doutorado defendidos, além de 12 orientações de mestrado e doutorado em andamento. “Nunca é tarde para iniciar a carreira de cientista, mas o ideal é que se inicie durante a graduação, acompanhando os laboratórios de pesquisa. Na Unesc, desenvolvemos pesquisas de excelência com fortes incentivos institucionais, principalmente da atual gestão. Me sinto muito feliz em fazer parte de dois PPGS: Ciência da Saúde, nota máxima na Capes, e de Saúde Coletiva, e de já ter orientado muitos alunos que hoje seguem a carreira de pesquisadores. Me sinto realizada, ainda mais quando me dizem que os meus ensinamentos os transformaram tanto na vida acadêmica como profissional. Isso não tem preço”, pontua.
Texto e fotos: Daniela Savi/Agecom/Unesc